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23 de abr. de 2010

Primo-Rico X Primo-Pobre.

Neste feriado do dia 21-04, estivemos em Patriarca levando uma mensagem para os jovens, falei sobre os motivos pelos quais pessoas de uma mesma família podem tomar rumos totalmente diferentes, com base na vida de dois irmãos de um mesmo pai, mas diferentes no modo de pensar e de se comportar.

Duas maneiras de estar perdido e apenas uma maneira de estar salvo.

Galera bacana de Patriarca, nos receberam muito bem.
Usei a música do Stênio Marcius - Fim de Tarde.

 Um Mobi-Abraço a todos.

Inté!

14 de abr. de 2010

Deixo-vos a paz...

Ele vinha feliz e contente com seu boné “zerado”. Não era um boné como os outros. Era de um time de basquetebol americano, NBA, um dos mais respeitados entre os garotos de sua idade. Tinha, então, doze anos. E todo garoto de doze anos gostava de boné. Quem não usava, de um jeito ou de outro, parecia admirar aqueles que o faziam. Um boné de qualquer time da NBA ficaria em torno de seus dezessete reais, num tempo em que o real valia quase três vezes mais do que vale hoje. Conseguira por sete! O avô lhe dera cinco, os outros dois surgiram pela obra e graça de momentos felizes. De fato, o preço fora seis e noventa, mas onde se contam dez centavos de troco nessas alturas?


Merecia uma espécie de comemoração. Um boné desses, lindo, novinho, cheio de moral, nesse preço, era – no mínimo – uma façanha! Ainda mais se pensasse no quanto era difícil se obter dinheiro por aqueles dias de governo FHC.

De repente, o inesperado, o absurdo acontece: num momento em que não havia quem o defendesse, em sua própria quadra, passam dois sujeitos perversos, desocupados e – como não poderia deixar de ser – muito mais velhos, na faixa de seus vinte anos.

- Me dá esse boné, garoto!

A voz e a frase, ambas tão duras, penetram a alma, e o menino sente o corpo gelar. Sem ação ou reação, vê-se, numa fração de momento, humilhado, invadido, agredido fisicamente e – o que é pior – sem o boné. É então que se percebe criança, fraco, indefeso, no lugar do adolescente que até então julgava ser. As lágrimas vêm com força: irrompem incontrolavelmente. Surge um mal-estar, seguido de um terrível sentimento de incapacidade, fraqueza, raiva, culpa, injustiça, vingança, tudo ao mesmo tempo... a dor moral de se ver humilhado dói mais do que a dor física. A perda da autoconfiança aflige mais que a do boné. Não sabe explicar o que sente. Tudo faz um turbilhão de pensamentos.

Cenas assim marcam a história da gente. Quem, quando criança, não se viu algum dia numa situação parecida de alguma forma como essa? Um momento em que estivesse assustado, fraco, indefeso, humilhado...? Quem não foi algum dia vítima da violência ou do abuso de força? Qual de nós não leva para a vida adulta experiências de medo ou culpa trazidas da infância. Elas ficam, não importa quantos anos de idade você tenha.

Mas, para a infelicidade daquele que veio para roubar, matar e destruir, o garoto era um filho de Deus, alguém que vivia debaixo da graça do Pai. O boné se fora, mas a cabeça estava lá e, dentro dela, a mente que se lembraria da Palavra “Posso todas as coisas nAquele que me fortalece.” ou ainda “Todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus.” Mais tarde saberia por que o Senhor não o livrara daquela momentânea tribulação. Dentro dele, havia algo que o ladrão não conseguira roubar: a paz.

Zazo

Retirado do site: www.ceunaboca.com.br/cronicas.htm